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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

13 - O funeral de um homem bom.

Pesquisado e Postado, pelo Ir.'. Prof. Fábio Motta (Árbitro de Xadrez).

Referência:

http://www.arlsleoesdejudah2171.mvu.com.br/site/textos-de-reflexao/23YgInFhD9U-3/atr.aspx


  O FUNERAL DE UM HOMEM BOM
 
 
 
 
Capelinha em um lugarejo com pouco mais de trezentos habitantes. Todos se conheciam e viviam na ternura dos deuses.
 
Acontece que naquele dia um alvoroço diferente tomou conta do lugar. Um dos moradores, pessoa bem simples e de hábitos exemplares, morreu.
 
Com idade já avançada, vivera na localidade por mais de oitenta anos, tendo nascido ali mesmo. Era dono de uma pequena propriedade onde criava gado e mantinha uma razoável plantação de milho. Tudo dava para o sustento e, ainda, ajudava muita gente menos favorecida.
 
Dele sabia-se, apenas, que saía pouco, indo uma vez por semana à cidade, em sua charrete bem cuidada. O veículo para transporte de
 
muita gente doente estava lá, à espera de qualquer necessitado: a charrete.
 
- Por que os bons também morrem? Dizia uma senhora, esfregando as mãos no rosto enrugado pelo tempo:
 
- Verdade. O bom nunca devia morrer.
 
Essa mistura de oposição é que dá valor à vida. Esse mosaico que se mistura e, quase sempre, nos apresenta um só valor é o verdadeiro sentido da vida.
 
É a busca por melhorias. É o desafio que o Supremo Mestre coloca diante de cada um de nós, para que possamos buscar o aprimoramento.
 
É o caminho do livre arbítrio. Alguns, mais esclarecidos, fazem, e bem, a sua parte.
 
A charrete estava parada. A viúva, uma senhora já bem cansada, havia se preparado para a partida daquele que fora seu companheiro por mais de cinquenta anos.
 
A humildade com que o casal viveu não condizia com a chegada de tanta gente ao lugarejo. Sendo pessoa simples, sem ter participado de movimento político, era difícil para o povo do lugar entender tanta movimentação no velório.
 
A capelinha simples, aliás, tornara-se palco de um gigantesco velório.
 
Jamais passara por ali um automóvel. Naquele dia, mais de cinquenta carros entupiam as estradinhas, duas no total.
 
Várias pessoas procuravam saber a causa de tanto prestígio.
 
- Como é que pode?
 
- O quê?
 
- Um homem que não era visitado nem pelo prefeito da sua cidade... vai ter um enterro de gente rica!
 
- Que rico nada. Vai ver esses homens estão no velório errado.
 
Um garoto, na inocência, ouvia a conversa e não juntava as palavras. Olhava admirado o movimento no lugar.
 
Os homens, todos de preto, lembravam aqueles da procissão, cheio de faixas, de chapéus pretos. A rua ficara toda preta.
 
- Que urubuzada!
 
- Não fale assim. Olha a falta de respeito. Eles podem ouvir.
 
- Mas que parece, parece.
 
- É ... mas, não é para falar. É só pra ver.
 
Havia mais de cem homens vestidos assim. O defunto devia ser muito importante mesmo.
 
A curiosidade é tão grande que não cabe no mundo.
 
Uma senhora, temendo ficar sem saber o que estava acontecendo, fez uma pergunta ao primeiro que encontrou, um senhor carregando na lapela várias medalhas. No peito, uma faixa de veludo, toda bordada.
 
- O que o finado era, para trazer tanta gente para cá?
 
- Ele é nosso irmão!
 
- Que família grande!
 
- É a maior família do mundo.
 
- Então ele era muito rico?
 
- Sim. Muito rico
 
- O que é que ele era?
 
- Maçom.
 
- Maçom?
 
- O que é maçom?
 
- É isso que a senhora está vendo.
 
- Isso o quê?
 
A união, mesmo depois da morte, da passagem para o Oriente Eterno.
 

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